quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Património Religioso - Inventários da Paróquia de Santa Cruz

artigo de Hugo Cálão publicado na revista Albergue nº1 (2014)


http://pt.slideshare.net/arquivoaveiro/os-inventrios-da-parquia-de-santa-cruz-de-albergaria
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Hugo Cálão


Os inventários da Paróquia de Santa Cruz de Albergaria-a-Velha

1. Património Religioso: os Inventários da Paróquia de Santa Cruz de Albergaria-a-Velha Hugo Cálão

Em 2 de Outubro de 2009, após efectuarmos um trabalho do levantamento sobre iconografia de São Paulo na Diocese de Aveiro, onde para o qual localizámos três imagens de São Paulo do Arciprestado de Albergaria, questionámo-nos quanto à existência de anteriores inventários de móvel artístico e objectos de culto da Igreja Matriz de Albergaria-a-Velha e subsequentes capelas secundárias.

Sabíamos de antemão que, com a Lei de Separação Estado Igreja, de Abril de 1911, todas as paróquias foram arroladas, incluindo as do Arciprestado de Albergaria-a-Velha, podendo desta forma, como se verá, conhecer o património Paroquial existente para esta data. E para datas anteriores?

Assim sendo, dirigimo-nos em primeira instância à Igreja de Albergaria a Velha e ao Arquivo Municipal de Albergaria, contando encontrar as actas de Junta de Paróquia de Albergaria-a-Velha [As Juntas de Paróquia que, desde 1840 e até 1910, administravam os negócios e gestão de cada paróquia/freguesia (as escolas e consequente contratação de professores; os cemitérios; os recenseamentos), após instalação da República a 5 de Outubro de 1910, foram dissolvidas e, pela Lei de 20 de Abril de 1911, foram instaladas novas Juntas de Administração Paroquial, que se tornariam a génese das actuais Juntas de Freguesia] ou outra documentação correspondentes ao seu período de funcionamento.

Nada encontrámos... embora nos fosse apontada a pista de que deveríamos averiguar na respectiva Junta de Freguesia. Ainda no Arquivo Municipal, pedindo para verificar o livro das actas da Câmara Municipal correspondente a esta cronologia, verificámos existir um hiato nas respectivas actas de Câmara Municipal para os anos 10 e 11 de 1900.

Dirigimo-nos, seguidamente, à Junta de Freguesia de Albergaria-a-Velha, contando que a documentação em causa, ainda estivesse à guarda daquela instituição. Acedendo ao nosso propósito o presidente de Junta de Freguesia de Albergaria confirmou as nossas suspeitas, e constatámos que parte do fundo documental da Paróquia de Albergaria-a-Velha se encontrava localizado na Junta de Freguesia de Albergaria.

Verificámos, não só existirem os competentes livros de actas da Junta de Freguesia de Albergaria-a-Velha (desde a sua constituição - 1910) como também a documentação da anterior Junta de Paróquia, desde 1840, com os livros de actas correspondentes, três livros de receita e despesa [Estes registos de receita e despesa da Paróquia de Albergaria-a-Velha (1863-1885, 1882-1910 e 1885-1924) são de extrema importância para o conhecimento de aquisição de peças artísticas e autoria de esculturas, ourivesaria, metais, cerâmica, sinos assim como de empreitadas de obras e conservação dos edifícios, existentes para a cronologia em questão], um livro de inventário móvel e ainda um tombo de propriedades de gestão, divisão e arrematação de terrenos de baldios [4 livros: Mapa dos aleiramentos da partilha de baldios da Junta de Paróquia de Albergaria-a-Velha, 1880; Matriz para lançamento do foro das leiras do baldio de Albergaria-a-Velha, 1881-1890 (regista nº de leira, nome dos foreiros, residência, situação da leira e pagamento do foro); Tombo do foral da Junta de Paróquia dos baldios de Albergaria-a-Velha, 1886; e Matriz para o aleiramento Paroquial de Albergaria-a-Velha, 1886-1887] da freguesia de Albergaria.

Localizámos também nesta visita à Junta de Freguesia um Tombo do Real Hospital de Albergaria-a-Velha de 1790, respeitante à primitiva albergaria e Hospital, contendo inventário móvel do respectivo Hospital, e registo propriedades e legados. Ainda sem catalogação, prevenimos que urge salvaguardar e tratar este importante património documental. Foi com este percurso que localizámos o livro que será o início cronológico do nosso objecto de estudo, o Livro de inventários móveis da Matriz e capelas da Paróquia de Santa Cruz de Albergaria-a-Velha (1856-1892).

A este, aditaremos uma leitura dos inventários realizados posteriormente efectuados pela Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais, que arrolou todas as Igrejas e capelas de Albergaria-a-Velha por ocasião da Lei de Separação do Estado da Igreja, em 1911, acção estendida a todo o território nacional. Esta documentação reveste-se de extrema importância no estudo dos respectivos espólios artísticos à guarda da Paróquia de Santa Cruz de Albergaria-a-Velha, que, pela sua cronologia, 1856/1892, nos informa do conjunto de peças anteriores à segunda metade do século XIX, permitindo-nos uma datação e conhecimento do mesmo, aferindo desta forma a sua autenticidade e historicidade.

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