terça-feira, 10 de maio de 2011

2000:Zonas Industriais

A concorrência é grande na região de Aveiro mas a procura tem dado para todos, incentivando a disponibilização de cada vez mais lotes.

Concelho que se preze tem de possuir zona industrial. Se na década de oitenta não passou de uma moda, os imperativos legais dos últimos anos vieram tornar obrigatório espaços devidamente infra-estruturados para acolher empresas a partir de certas dimensões.

Os municípios investem milhões de contos para dar melhores condições a indústrias locais e atrair novos investimentos, na esperança de fomentar o progresso dos concelhos.

Uns foram mais bem sucedidos do que outros. Mas apesar da forte concorrência, no geral, são poucos os lotes que ficam por vender. E não há terrenos oferecidos, como acontece em outros pontos do País.

SANTA MARIA DA FEIRA

O caso mais extremo, actualmente, será o de Santa Maria da Feira, onde os investidores enfrentam grandes dificuldades para obter parcelas com fins industriais.

Os lotes da mais recente zona industrial, criada na freguesia de Fiães, esfumaram-se em escassas semanas, tendo a Câmara local dado prioridade à deslocalização de empresas ilegais ou incorrectamente instaladas em núcleos urbanos. O preço do metro quadrado rondou 5500 escudos.

A médio prazo, está projectado criar mais duas zonas industriais em Mozelos e Santa Maria de Lamas. A história repete-se, sendo a procura muito superior à oferta. «Ainda estamos a fazer o cadastro e iniciar as negociações para a compra de terrenos mas a exclusão de pedidos já ronda 50 por cento», revela Alexandra Bastos, do Gabinete de Apoio ao Empresário (GAE), a funcionar no município local.

Com um fervilhante tecido empresarial, Santa Maria da Feira beneficia de bons acessos, uma localização intermédia entre o Porto e Aveiro e mão-de-obra abundante.

ALBERGARIA-A-VELHA

Falta de terrenos para instalações industriais é um problema que ainda não se coloca a Albergaria-A-Velha, recordista de crescimento no centro do País.

Regressado de Espanha, onde visitou mais uma empresa que pretende instalar-se no concelho, o presidente da Câmara nega aliciar investidores com lotes em saldo. «Nada disso», afirma Rui Marques (PP), adiantando que os últimos foram a 4000 escudos o metro quadrado.

Quando tomou as rédeas do município, há quinze anos, a zona industrial «era um arruamento». De então para cá, as fábricas instalaram-se a uma cadência invulgar.

Boas infra-estruturas e proximidade de eixos viários importantes (A1, IC2 e IP5) atraíram para Albergaria-A-Velha dezenas de empresas que criaram milhares de postos de trabalho. A mão-de-obra começa, de resto, a escassear, apesar de absorver muita gente de concelhos vizinhos. Muitas delas são multinacionais, tornando a zona industrial numa espécie de centro 'franchizado' de marcas internacionalmente conhecidas, como são os casos das torneiras Gröhe, o pão Bimbo ou as ferramentes da American Tool.

A autarquia não se satisfaz por existir rede de águas residuais, emissário de efluentes para a ETAR municipal, rede de gás, abastecimento de água e até um heliporto.

A médio prazo vão surgir outro tipo de equipamentos para oferecer serviços que as empresas necessitam (bancos, CTT, restaurantes, etc.), aproveitando a iniciativa governamental 'Áreas de Localização Empresarial'. Rui Marques admite até vir a entregar a gestão da zona industrial a uma entidade privada do ramo.

Albergaria-A-Velha é caracterizada pela diversificada dos sectores. Da metalomecânica, à química e texteis, passando pelos plásticos e a madeira, existe de tudo um pouco.

ESTARREJA

Com um desenvolvimento mono industrial feito à sombra da indústria química pesada, Estarreja quer alterar essa imagem com cinquenta anos.

Foi justamente dos escombros do antigo Amoníaco Português que nasceu, no início da década de 90, o Quimiparque, ainda nas mãos do Estado mas hoje ocupado por mais de cinquenta pequenas e médias empresas que beneficiam de instalações e serviços de apoio a rendas atractivas. E ainda há espaço livre para mais, não muitas é certo. «Há um edifício que está em obras e vai ser reconvertido. São mais 2000 metros quadrados de área coberta, adianta o director, Gaspar Reis, prevendo mais construções no próximo ano.

A autarquia estarrejense confia cegamente na nova zona industrial, localizada nas proximidades do complexo químico mas vocacionada para instalar empresas de raíz.

Com um ramal ferroviário novo e a expectativa de usufruir de uma ligação privilegiada à futura Scut da Costa Verde, espera-se que os investidores optem mais pelo concelho, viabilizando 500 hectares, na esmagadora maioria por vender, e a construção de infra-estruturas orçadas em 3,8 milhões de contos.

OUTRAS

Vendo empresas locais a rumar outras paragens, por falta de espaços, o concelho de Oliveira de Azeméis acelerou a criação de quatro zonas de acolhimento industrial. Em Loureiro, junto à A1, para unidades de maior dimensão. S. Roque, Cesar e Nogueira do Cravo ficam reservadas a PME's.

No vizinho concelho de S. João da Madeira, a Câmara aposta actualmente em cativar empresas tecnologicamente de maior valor.

Uma política de preços aliciantes levou para Ovar, nos últimos anos, algumas empresas que empregam elevado número de trabalhadores.

A sul, a freguesia de Oiã (Oliveira do Bairro) e o concelho de Águeda, mais do que atrair empresas, afirmaram-se pela actividade industrial de iniciativa própria.

Aveiro tem as zonas industriais de Tabueira e Mamodeiro, embora hoje menos activas na captação de novos investimentos, ao contrário do que acontece com os serviços e comércio.

Zonas industriais: Municípios aumentam oferta de lotes
Notícias de Aveiro Editor: Júlio Almeida 13/07/2000

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