segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Albergaria-a-Velha 1954


(Texto de 1954)
ALBERGARIA-A-VELHA é uma povoação antiquíssima a que deu nome uma albergaria fundada por D. Teresa, mãe do Rei conquistador, e onde ainda se pode admirar a inscrição «Albergaria dos Pobres e Passageiros da Rainha D. Teresa».

Situada nos cruzamentos das estradas Lisboa-Porto, Porto-Aveiro, e Porto-Viseu, a sua importância topográfica ditou em 1919 a sua ocupação pelas tropas Couceiristas e a proclamação da Monarquia, que já estava implantada no Norte.

Uma indústria florescente das fábricas de papel, telha, pasta, louças e serração, minas de cobre, algumas com cerca de mil metros de profundidade, uma estação de caminho de ferro de grande movimento, carreiras de camioneta para Coimbra, Lisboa, Porto, Aveiro, Viseu, etc., completam um quadro muito diferente.

E a este progresso podemos acrescentar o comércio intenso de madeiras, vinhos e outros produtos agrícolas, a que o Estado Novo de modo algum tem sido estranho.

Por intermédio da Câmara Municipal, tem vindo a ser desenvolvida uma acção persistente, salientando-se a acção do seu presidente o sr. Comendador Augusto Martins.

Nunca é demais assinalar que se não fosse o esforço administrativo dos homens bons de cada concelho, em prol do progresso material e espiritual da sua terra, numa luta quotidiana que tem de ser travada contra a inércia e o comodismo de muitos responsáveis, se não fosse o espírito de sacrifício e o desinteresse por particularismos que só dividem e prejudicam, não poderíamos hoje contar, como contamos, com uma Albergaria-a-Velha completamente transformada, no aspecto físico como no moral.

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Na verdade e começando pelas obras públicas realizadas na vigência do Estado Novo, comparticipadas ou não pela Câmara, temos: reparações das estradas municipais de Pardos à Barca do Almear; idem de Frias a Frossos; de Albergaria-a-Nova — lanço do Palhal — à E.N. 16-3.ª; de Angeja a Fontão; de Paus a Alquerubim, 1.ª fase; de Albergaria-a-Nova — lanço da E.N. 1 — para o Carvalhal; de Souto da Branca a Fradelos, por Casaldina — 1.ª e 2.ª fases; desde o campo da Feira dos 22 até ao cemitério de Albergaria-a Nova a Ribeira de Fráguas — fase única e rectificação da Av.ª Máximo de Albuquerque e Largo do Hospital.

Obras concluídas — ampliação do cemitério da Vila de Albergaria-a-Velha.

Obras em curso: abastecimento de água à vila de Albergaria-a-Velha e aos lugares de Assilhó e Sobreiro.

Obras projectadas: em estradas, reparação da de Sobreiro a S. Marcos; da de Azenhas (Colmoma) à estrada municipal n.º 6; de Azenhas até ao Fial, passando por Salgueiral; da estrada municipal 26 até Telhadela, de Ribeira de Fráguas ao Carvalhal — 3 fases; de Beduido à Igreja de Alquerubim e de Pinheiro a Anotas.

Em Águas e Saneamento, está em curso o abastecimento de águas à vila de Albergaria-a-Velha e aos lugares de Assilhó e Sobreiro, cujo orçamento prevê uma despesa de 2.000.000$. Projecta-se, estando para isso votada a verba de 1.000 contos, abastecimento de água à freguesia de Vale Maior; lugares de Fontes e Ameal da freguesia de Alquerubim; lugar de Igreja da freguesia de Ribeira de Fráguas; lugares de Laginhas, Escusa e Casaldina da freguesia da Branca.

Na obra de electrificação de todo o concelho que está em vias de conclusão, despenderam-se já 1.600.000$. Como índice do que se faz neste terreno basta dizer que a majestosa Av.ª Máximo de Albuquerque vai também ser electrificada.

Um ante-plano de urbanização, já homologado por Sua Exª o Ministro das Obras Públicas, está a executar-se em parte, sendo de notar o esforço próprio da Câmara neste caminho, que por sua conta e risco projecta urbanizar o terreno do bairro que está a ser construído pela Misericórdia.

Mas não só nas Obras Públicas ou no Saneamento é que se tem trabalhado. No campo da Educação, Cultura e Assistência, muito se tem feito. Assim, concluíram-se dois edifícios escolares, adentro do Plano dos Centenários — um em S. João de Loure (2 salas de aula), outro em Albergaria-a-Velha (4 salas de aula), e estão a concluir-se o do Sobreiro (2 salas), Telhadela (idem) e Ribeira de Fráguas. É de esperar além disso, que o de Albergaria-a-Nova comece a ser construído ainda este ano por já ter sido adquirido o terreno.

Se o turismo, para que o concelho possui condições notáveis, não tem sido ainda aproveitado, nem nada se tendo feito do Monte da Senhora do Socorro que a isso muito se prestava, em compensação, nestes últimos três anos, só a obras de Assistência foram concedidos subsídios que totalizaim a quantia de 400.890$90, com destino à Misericórdia, Bombeiros, Junta de Freguesia de Albergaria-a-Velha e doentes pobres.

O Município procede ainda, a abertura de uma artéria desde o Centro Cívico à Estrada Nacional n.º 1, a reparação de todos os pavimentos da vila, a reparação de um troço de estrada em Frossos, e a construção das casas dos magistrados.

É da colaboração do Estado Novo com os representantes da vontade e do verdadeiro sentir deste concelho que, na senda do progresso destes últimos 25 anos, se espera que Albergaria-a-Velha continue a progredir cada vez mais.

Fonte: Aveiro e o Seu Distrito, 1954

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