sábado, 26 de julho de 2008

Inauguração do Hospital da Misericórdia

Diàriamente, a Imprensa regista novas inaugurações que se efectuam pelo País - testemunho eloquente da reconstruçäo material que se vem operando em todo o Portugal.

Albergaria-a-Velha, sede de um concelho do distrito de Aveiro que mantém inalteràvelmente, e com apreciável ritmo, o curso das suas progressivas realizaçöes, conta desde há dias - Maio, 1953 - com mais duas obras de importância e interesse, no aspecto da assistência social.

Com efeito, o novo Hospital da Misericórdia - erguido precisamente no local onde existiu o edifício hospitalar antigo - como o seu apetrechamento perfeito de tudo quanto há de melhor e com a capacidade para 53 camas, e a Casa da Criança, instituiçäo delineada com o fim de prestar assistência às crianças dos seis meses aos seis anos, säo duas realizações de que Albergaria-a-Velha se orgulha.

Ambas se devem ao espírito de iniciativa e de benemerência do presidente do Município, Comendador Augusto Martins Pereira, e auxílio do Estado.

Näo admira, pois, que a populaçäo da referenciada vila tenha consagrado ao dia das inauguraçöes a sua melhor atençäo, engalanando-se festivamente para receber o representante do Governo, sr. dr. Trigo de Negreiros, Ministro do Interior que ali se deslocou expressamente para tal fim.

Na sessäo que se realizou após as duas inaugurações, o sr. Ministro do Interior, depois de recordar que ainda há pouco tempo assistira à inauguração do maior hospital do País, que fica a ser um dos primeiros da Europa, afirmou;

"Se o novo Hospital Escolar de Lisboa, na grandeza da sua fábrica e na complexidade dos seus serviços, constitui eloquente testemunho da nossa capacidade de realização e da nossa solvência financeira, o hospital da vila de Albergaria bem como a Casa da Criança, que hoje inauguramos, valem pelo espírito de iniciativa e louvável amor ao torräo natal que revelam. E tanto aquela obra monumental como estas modestas obras säo igualmente revelações evidentes da mudança operada nos homens e nas coisas".
E acrescentou;
"As obras que inauguramos são pelo fim a que se destinam, aquelas que se fazem para durar; enquanto houver crianças há-de haver necessidade de manter instituições atinentes a cuidar da sua saúde física e moral e enquanto a doença constituir o mais natural dos acidentes da vida humana também deverá haver hospitais que sirvam, como este, para minorar os seus efeitos mediante o mais adequado tratamento. Entretanto por maiores que tenham sido as realizações materiais, muito maior é a renovaçäo espiritual do País, operada nos últimos vinte e cinco anos.

A ela ficamos a dever o reaparecimento daqueles homens bons, como o provedor da Misericórdia de Albergaria, para quem a prática do Bem dando aos necessitados o que sobra do seu tempo, das suas energias e da sua fazenda, é virtude tão natural que, por muito repetida, já quase se não nota. A nós, porém, não podem passar despercebidos a sua dedicaçäo e o seu zelo; e, por isso, aqui lhe deixo o apreço do Governo pela obra realizada, esperando que esta constitua incentivo, não apenas para a sua continuação, senão também para espelho e estímulo de quantos vivem em outros concelhos".

Mais adiante, o sr. dr. Trigo de Negreiros lembrou a apoteótica manifestação de há dias ao sr. Presidente do Conselho, dizendo, a propósito;
"Se a existência de uma Nação é - no dizer de Renan - um plebiscito de todos os dias, o passado 27 de Abril foi, sem dúvida, o mais concludente dos plebiscitos, visto que ele se realizou através da lista aberta das manifestações populares, desde as mais abastadas de bens de fortuna às mais humildes. O Chefe do Estado, intérprete dos anseios da Nação, consagrou com o seu alto prestígio todas as manifestações que então se fizeram, e até a elas se antecipou ao convocar a Assembleia Nacional para lhe dar conhecimento da mensagem que, através dela, dirigiu ao País. A nobreza das suas palavras ficará a perdurar como símbolo de justiça e de elegância moral".

E terminou;

"É certo que no dia 27 se consagrou um Homem; mas para além dele, consolidou-se uma política, enalteceu-se um regime e engrandeceu-se uma Nação. Se o poder representa um valor espiritual, o País soube ser fiel a quem durante vinte e cinco anos o soube exprimir. Saibamos, portanto, recolher do dia 27 de Abril a lição que contém; a nossa unidade continua a constituir a nossa força; e a fidelidade aos Chefes - Craveiro Lopes e Salazar - é a nossa divisa. Mas a unidade no plano nacional supöe e implica necessàriamente o bom entendimento e o espírito de cooperaçäo no plano regional".

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Efemérides - Autor: C.Martins <caparica@sympatico.ca> Data: 18-05-2007
http://jn2.sapo.pt/seccoes/mensagem.asp?118466

Inauguração do Hospital- 03/05/1953

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